Relacionamentos (Parte II)
O mundo dos relacionamentos tem se tornado descartável. Mas, com todo amor, eu acredito na mudança.
Há uma confusão mental no turbilhão de pensamentos que tem travado todas as formas de encontros e reencontros no caminho. Vejo muitas pessoas conhecendo muitas outras e se tornando frustradas, amarguradas e ressentidas. Sentem-se rejeitadas, usadas como meros objetos e sem o menor tempo para mostrar quem realmente são. Não há espaços mais para a troca. Parece que não existe mais o ato de se colocar no lugar do outro, existe somente o "agora não quero, não vou me esforçar pra falar ou sentir porque não é o meu momento. O outro que espere. E se não esperar não tem problema, terá outro novamente".
O vazio das relações de hoje é a ausência de amor. E tantos que agem assim se acham livres. Livres do que? Você está apegado a sua idéia de ser livre. Isso seria verdadeiro se você fosse verdadeiro com as pessoas com as quais se relaciona. Mas as trata como brinquedos na sua vontade de hoje realizar teu desejo sobre elas, e amanhã não mais. Talvez daqui 5 dias, talvez nunca. E não existe o livre diálogo porque se um fala o que o outro não gosta, o pequeno nível de tolerância de uma ou duas partes acaba por romper o que mal começou. Está tudo muito pra fora. Muito pelo corpo dos desejos, muito pela mente desgovernada, muito pela ideia de ser desapegado, muito pelo que não é humano e que se afasta cada vez mais da pura essência de cada um.
Pessoas vem e vão. Pessoas ficam, quando são de valor. Ou do tamanho do valor que você dá a elas. E todo sentimento pra se expandir necessita de alimento, como a própria natureza necessita. E quem não alimenta sentimentos por pensar que é desapegado, está longe, muito longe do que pensa ser. Desapego não é se relacionar hoje profundamente e amanhã abandonar. Isso tem muitos nomes, dentre eles egoísmo, o que vem exatamente pelo seu gigantesco ego que você alimenta como uma linda flor, achando que você é incrível por agir assim, solto. Solto do outro e preso em você. É preciso ir pra dentro com todo seu amor, e perceber se o que você tem é um medo camuflado no que você chama de desapego ou se realmente você o É. Se você é desapegado com pessoas, como não é com suas roupas dinheiro, viagens, histórias, amigos, lugares, hábitos, trabalho? É como aquela velha dúvida na mente de um vegetariano quando ouve uma pessoa dizer que ama os animais, que defende os cachorros e gatos dos maus-tratos enquanto mastiga um porquinho. Se você ama uns, por que come outros? Se você é desapegado com uns, por que não com tudo? Atração e repúdio o tempo inteiro, e seguimos no antagonismo.
Desapego consciente vem pela manifestação mais pura do amor. Através do caminho do amor, da compaixão, da meditação, e das formas de Despertar. Está muito além, é um caminho muito mais profundo. Palavra é expressão da mente. Não se crie no que você ainda não É. Isso também é só um momento, e talvez, nesse momento da sua inconsciência dentro dos seus esconderijos, você acabe por perder grandes chances de estar em companhia de pessoas voltadas para um bem maior, numa outra vibração que nem você se permitiu sentir. Limitou seus espaços pelo seu desapego... pela sua falta de coragem e pela ausência de amor...
Busque ser uma luz pra humanidade. O seu bem não é para você. É para a humanidade.
Você se envolve com muitas pessoas e na sua confusão esquece que são todos humanos no mesmo plano. Poucos ou muitos que sofrem. Não é justo criar sentimentos destrutivos, o mundo necessita de grandes almas que acreditam na revolução interna, no caminho da verdade, no ser Inteiro no lugar que você ocupa. Junte seus pedaços, crie-se novamente, são tantas chances...
Você conhece alguém muito especial, mas nem se quer da ao tempo permissão de sentir o que aquela pessoa representa e já coloca outra poucos dias depois na sua frente, esquecendo aquela primeira bem rapidamente, ela vira uma lembrança boa que, quem sabe, daqui uns dias você queira sentir novamente. E então diz: eu sou desapegado, não me apego a pessoas. Observe-se com todo seu amor e humildade, e em algum momento talvez escute internamente que o que pensa ser, na verdade não passa de um infeliz jogo do destino: você está apegado ao condicionamento de toda hora mudar de pessoas e nem percebeu. ..Isso é Apego. É uma bola de neve, ou uma bola de apegos. E nessa bola toda você envolve pessoas e cria karmas. E ainda acha que está colocando uma semente do Bem no mundo? Sinta seu coração...
Hoje, decida ser mais Verdadeiro e mais amoroso. Seja doce ao falar, imagine o outro sendo você, sentindo como você. Pratique o Bem pela humanidade. Não iluda, não aprisione, não machuque. Não suma simplesmente da vida de pessoas boas que abriram o coração para você. Mesmo que cada um seja responsável pela escolha, ou por abrir uma janela enorme de possibilidades para o outro enquanto o outro abriu uma pequena fresta. Sumir da vida de alguém é ausência de verdade e de amor. Enfrentar e ser claro é ser corajoso. Talvez aquela pessoa não te queira mais ao ouvir a sua verdade, ou as suas tantas dúvidas, mas ainda assim é um ato mais nobre ser verdadeiro do que aprisionar. Não fira sentimentos, você não tem esse direito. Você é uma essência, torne-se a essência em cada ato, gesto, palavra, sentimento, pensamento no seu dia e seja melhor. Se não quer algo ou alguém, diga. Se não pode, assuma. Se mentiu, peça perdão. Tome as rédeas dessa mente desgovernada e não espalhe mais desequilíbrios e desamor por onde passa... E se você se sentiu machucado, ofendido, rejeitado por alguém, PERDOE a si mesmo. Peça perdão por ter se afastado de você, por ter criado idéias sobre um alguém, por ter se deixado cair num mundo de ilusões. Palavras bonitas que te aprisionaram, momentos, lembranças... são todos cárceres criados. Peça perdão. Você se afastou de você e pôs muita importância no outro. Silencie, perdoe. Medite. Ore, e seja melhor com você e com o outro.
Te desejo o Bem.
Namastê.
Sandra Kitner
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